quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Vazante

Por todas as casas que passei neste natal e ano novo
Percebi torneiras vazando
Água potável se esvaindo em desperdícios
Uma espécie assim de pesadelo hídrico
Das casas mais ricas à mais pobres
Minha torneira da cozinha vaza
Mesmo que eu feche registros
Compondo-me em um pesadelo
Uma tortura chinesa irrefutavelmente maior
Superior que minha vontade
Uma sensação tão impotente como a grandiosa consciência política de Argentinos nessa América do sul recolonizada
Vejo na televisão um levante no Irã contra o Aiatolá de lá
Recolho meus ideais e convicções inseguros e tão confusos como uma fanfarra do leste europeu
Parecidos com um Paraná auto afirmante
Perambulando pela rua sou impingido a falar com mavãs e mulambos. Qual a diferença entre mavã e Mulambo? Alguém sabe me dizer?
Sim! Não me reservo e muito menos me excluo de ouvi-los

Tenho uma cara cachorra que os trazem-me pra confidenciar suas impressões, verdades, dúvidas e principalmente desejos dos mais insólitos e até elevações
Tento fugir.Gostaria muito
Mas por ter que transitar todos os dias por seus espaços estou ali exposto
E também sinto uma necessidade impotente minha de ouvir e falar menos
Já falo muito quando me sinto seguro
Coisa que me trás uma incontinência verbal e sonora arrogância 
Parecida das torneiras que vazam nas casas que passei nos últimos dias
Pior que a surdez é a cegueira
Duas deficiências que assombram-me mais do que toda morte de sentidos
Sentidos que não negam minha vontade de vida
Que me iludem mais de que a morte que não existe menos que os medos maiores do que todo o sentido da vida
A decrepitude esvai tudo como um vento assassino
Posso existir por não atentar-se sobre ela (a morte)
Rir das coisas e de mim mesmo pode ser uma elevação dos sentidos mórbidos
Algo fugidio de vaidades nossas, vossas e dos outros
Gostaria de mãos impermeáveis pra conter as águas dessas torneiras obtusas independente de serem pobres ou ricas
Semeando torrentes em solos áridos e infecundos
Nem netuno, nem oxalá, nem Júpiter, nem hércules, nem Exu com sua criação do mundo inconsentida causadora do ressentimento que o acompanhou até hoje.
 Formando um demônio dos monoteísmos. Mal visto como demônios maiores das profundezas dos infernos mais abissais
Gosto tanto de você que me assusta o fim do nosso sexo e relação. Situação possível que construa e destrua tudo que te disse. Mentiras sobre nosso amor enlouquecedor sem filhos ou matrimônio que torrenciam lágrimas em meus olhos
Coisa que não controlo mas que sobrevivo as possíveis cores das músicas todas que aliviam minhas vontades menores de dizer meu amor por tudo aquilo que quem sabe um dia diria o que sou.
Pedrão Guimarães.
  

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