quinta-feira, 25 de outubro de 2012


NA ORTOPEDIA

       ME ENCONTRAVA LÁ COM AQUELA SENSAÇÃO DE IMPOTÊNCIA PERANTE MEU FLAGELO. AS DORES REALMENTE DIMINUÍRAM, MAS O EXCESSO DE PODER QUE A MEDICINA TE IMPÕE É ALGO QUE NÃO COMPREENDO MUITO BEM SE ACEITO. SÓ ME RESTANDO RESIGNAÇÃO.
       MÉDICOS COM PERFIS ACÉTICOS, BURGUESES, COM SUA FRIEZA ELEGANTE E NÃO MENOS FRÍVOLA, ENFERMEIR@S COM OLHOS TREINADOS E CURIOSOS DE ALGO A MAIS QUE POSSA SER MOSTRADO / REVELADO.
       EU ALI PARA RETIRAR O ÚNICO DOS PARAFUSOS QUE NÃO PERMANECERA NO MEU TORNOZELO DOS OITO INTRODUZIDOS. SOU REFÉM DAQUELE LUGAR E DAQUELAS PESSOAS, NÃO SEI AINDA QUANTAS HORAS, RESPIRO FUNDO, TENTO ACALMAR MINHA ANSIEDADE-CORAÇÃO PARA SOFRER O MENOS POSSÍVEL. TENHO CERTEZA QUE VOU SOBREVIVER A MAIS UM DOS PERCALÇOS QUE A DEUSA DA CASUALIDADE NOS PROPICIA.
       TENHO UM LIVRO NA BOLSA, NÃO TENHO PACIÊNCIA PARA LER E NEM A MÍNIMA VONTADE. QUERO SÓ QUE AQUILO TUDO ACABE O MAIS RÁPIDO POSSÍVEL, SINTO SAUDADES DA LIBERDADE DE RIR EM UM LUGAR QUALQUER RODEADO DOS MEUS AMIGOS BOÊMIOS, PUTOS, INTELECTUAIS NOTÍVAGOS E MINHAS COLEGAS “TRABALHADEIRAS”. OPRIMIDO ENTRE PAREDES QUE ASSUSTAM E ME IMOBILIZAM, SOU CÁRCERE DE MEU PRÓPRIO INFORTÚNIO, MAS ANTES DE ME TORNAR UM JUDEU GENIAL DE PRAGA, UMA BARATA ASQUEROSA, UMA UCRANIANA PERNAMBUCANA; SOU SALVO PELA LOUCURA TROPICALISTA/SERIEDADE ANTROPOFÁGICA DE JANETE. WHO IS JANETE?
       ESSE SER ESTAVA DO MEU LADO O TEMPO TODO, TAMBÉM ESPERANDO PELA HORA DE SUA PEQUENA CIRURGIA. PERGUNTOU MEU NOME E O QUÊ EU IRIA FAZER. MULHER DE ROSTO FORTE, EXPRESSIVO, MESTIÇA DE ÍNDIO, DE TESTA FRANZIDA, DESEJOS INCONTROLÁVEIS (LOGICAMENTE REPRESADOS) E COM AQUELA FOME DE QUEM JÁ SENTIU A FALTA DE “MISTURA” NA MESA NA HORA DO ALMOÇO OU DA JANTA.
       JANETE CONTOU-ME DO BAIRRO ONDE MORA NO EXTREMO DA ZONA LESTE. INDIGNA-SE COM AS MENINAS TÃO JOVENS E JÁ MÃES SOLTEIRAS DE ASSALTANTES E TRAFICANTES. EMBORA SEU DISCURSO POSSA PARECER MORALISTA; TEM DESPREZO PELA POLÍCIA E AFIRMA QUE A CULPA DAS ARMAS ESTAREM NAS MÃOS DAS CRIANÇAS É DA CORPORAÇÃO, E  QUE EM UMA REUNIÃO DA ASSOCIAÇÃO DE BAIRRO CHEGOU A SER PRESA POR DESACATO A AUTORIDADE QUANDO FALOU ISSO NA CARA DE UM SARGENTO.
       NÃO ME CONTROLEI E COMECEI A RIR DIANTE DAQUELA FIGURA TÃO FORTE EM MANANCIAL DE AUTENTICIDADE, FOMOS FICANDO PRÓXIMOS. ELA CONTINUOU SUA FALA. AGORA ELOGIAVA O LULA DIZENDO QUE NUNCA TINHA ANDADO DE AVIÃO, E HOJE VAI PARA A BAHIA E PARAÍBA VER SEUS PARENTES PELO MENOS UMA VEZ POR ANO.
 O PÉ QUEBRADO INCLUSIVE FOI UMA QUEDA NUMA CACHOEIRA LÁ NO INTERIOR DA BAHIA.
-SÓ PODE SÊ OLHO GORDO, DESSA GENTE QUE ME ODEIA!
CONCORDEI COM ELA DIZENDO QUE O MEU CASO TAMBÉM DEVE SER ALGO PARECIDO (COMEÇAMOS A GARGALHAR NO CORREDOR DA ORTOPEDIA).
       UM GESTO TÃO SIMPLES COMO ESSE FOI UMA ESPÉCIE DE LIBERTAÇÃO, UM EXORCISMO DE TODA A DOR E RESTRIÇÃO QUE PASSEI NOS ÚLTIMOS QUATRO MESES.
        JANETE ENTÃO ME CONTOU QUE EMBORA ESTEJA COM UMA MECHA DE CABELO BRANCO NA TESTA, AINDA É MUITO SOLICITADA PELOS HOMENS; MAS JÁ É AVÓ E QUE SENDO ASSIM NÃO DÁ PRA FICAR COM “MUITO RELAXO” COM O HOMEM POR AÍ.
 MAS TEM UMA AMIGA QUE ARRUMOU UM COROA DE 60 ANOS LÁ NA PARAÍBA LINDO E COM "PAUDURESSENCIA" DE MENINO GAROTÃO DE 20, ESTAVA APAIXONADA.
       PEGANDO AVIÃO DIRETO PRA LÁ, PACOTES AÉREOS BARATINHOS, PARCELADOS PRA NAMORAR O SEU COROA GOSTOSO. 
       A ÚNICA COISA CHATA DO AVIÃO SÃO AQUELAS PESSOAS QUE OLHAM PRA GENTE COM DESPREZO, MAS NINGUÉM PODE FALAR NADA. ELAS NUNCA TIVERAM QUE DAR UNS TAPAS EM ALGUÉM DENTRO DO AVIÃO E NEM LEVAM FRANGO ASSADO COM FAROFA.
       POR QUE AS COMPANIAS NÃO DEIXAM! 
       POR ÚLTIMO ANTES QUE NOS SEPARASSEM PARA NOSSOS PROCEDIMENTOS MÉDICOS, CONTOU-ME:
EU E MINHA AMIGA FOMOS A PARAÍBA, NUM VOO DESSES DE MADRUGADA, ELA LIGOU PRO SEU NAMORADO. ATENDEU UMA ZINHA. DIZENDO QUE ERA SUA ATUAL MULHER, E QUE ELA SE CONFORMASSE COM A CONDIÇÃO DE LIXO VELHO JOGADO FORA.
       PRA PIORAR, A TIPA AINDA MANDOU PRA MINHA AMIGA, FOTOS DE CELULAR DAS PARTES INTIMAS DELA E DO COROA GOSTOSO DE 60 ANOS, FAZENDO SAFADEZAS.
       FICAMOS POSSUÍDAS DE RAIVA, QUANDO DESCEMOS NA PARAÍBA CONTRATAMOS UM CARA PRA DAR UMA SURRA NO CASAL, O CARA APAVOROU COM OS DOIS. AGORA ESTAMOS EVITANDO IR PRA LÁ POR UM CERTO TEMPO. MAS! AS CACHOEIRAS DA BAHIA CONTINUAM LINDAS.

PEDRÃO GUIMARÃES

sexta-feira, 31 de agosto de 2012


Te perdoarei...    (Plagiando - Mil perdões do Chico Buarque)                          

O homem é uma pintura em preto e branco.
A mulher traz um colorido explosivo de loucura em seus traços.
Pelo menos aqui nos ocidentes, onde é dela a função do mimo e beleza.
Sedução pode ter preço alto, perda do controle em si mesmo.
Tanto prazer traz culpa, vazio, necessidade de preencher suas grutas com um novo ser.
Residente como maior força e fra(n)queza nas deusas.
Ele com todo seu tom cinza passa a procurar lugares etílicos e idílios com outr@s que não o perpetuem.
Tomado de sua tristeza ancestral, do medo que lhe torna empreendedor, violento, calado, circunspeto.
 Se faz capaz de alegrar tanto os que lhe rodeiam na turba de orgias e, incapaz de um riso afetuoso ou espontâneo entre os que prosseguem seu legado.
Vivendo uma melancolia silenciosa e asfixiante impossibilitada de ser gritada ou chorada entalada, encalacrada, na garganta.
Como resolver o convívio destes? Criados desde o ínicio tão distantes para mais tarde definirem uma fase adulta de votos e comunhão.
Ela continua ligando pra onde ele perambula, na busca de um gole de alegria e autenticidade. Se obrigando a aprender a mentir, quando se deita em leitos estranhos numa busca de menino curioso.
Jurou a si mesmo nunca mais levantar a mão, mesmo não entendendo o colorido das oscilações e acessos. Coisa multicor da essência fêmea, de muito falar, o chorar, o riso, a observação silenciosa especulativa, a vontade de morrer e viver concomitante o sangue corrente mensal.
Seguem perdoando-se cada qual a seu modo e por seu motivo próprio. Não foi esse o maior ensinamento do Cristo? Perdoar! Mesmo que a dor suplante sua capacidade em ossos, carnes e músculos?
Para assim quem sabe um dia seus rebentos consigam viver esse amor sem tantos perdões.

Pedro Guimarães

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

     Folha de outono

Ainda me lembro quando a conheci. Nos vimos nos primeiros cultos que meu pai nos levou, quando nos mudamos para São Paulo. A vida foi bem dura naquele momento de adaptação, tínhamos vindo do interior do Rio, a gente vivia em um pequeno lugar perto do Rio Paraíba entre a cidade e a zona rural, trabalhávamos muito numa modesta roça de mandioca e noutra de banana, papai também tinha uma velha carroça onde fazia mudanças e transporte de mercadorias, coisa que ajudava no orçamento familiar.

Tanto meu pai, minha mãe e nós os cinco filhos, trabalhávamos muito nas roças ou ajudando a carregar e descarregar aquela carroça que era velha, mas, tinha o cavalo mais garboso e bem cuidado da vizinhança. Alias nossa casa era reconhecidamente um lar, embora humilde, com disciplina e ordem que causavam admiração em toda a vizinhança.

Todo fim de tarde, após o banho nos reuníamos os sete para ler a bíblia e tocar nossa pequena orquestra familiar, papai regia e cantava, minha mãe com um banjo e os cinco meninos cada um com um instrumento de sopro, eu o mais velho com uma tuba, Matheus o segundo com um trombone, Lucas com a clarineta, Thiago com um trompete e Moises com um saxofone, podia-se ouvir de longe nossa sinfonia, sempre com musicas e cânticos de elevada religiosidade. 
Sim !Somos protestantes. Os vizinhos nos chamavam de: “Os crentinhos do sitio”, pois nosso sitio fazia divisa já com o primeiro bairro da cidade.

O apelido nos incomodava um pouco, principalmente na escola, mas a gente aprende a se acostumar até com aquilo mesmo que nos desconforta.

 Somos uma família de negros, que nunca se viu envolvida em bebedeira, arruaça ou macumba, alias papai nos ensinou a odiar essas coisas, vivíamos numa ilha um mundo próprio e particular, nossos parentes católicos ou de umbanda não nos visitavam muito, nos achavam esquisitos e talvez até fossemos, mas havia uma harmonia a partir de todas aquelas regras disciplinares e morais que nos rodeavam que era como um bálsamo anestesiante.
Meus pais pouco se falavam, mas nunca se desentendiam, pelo menos na nossa frente, tudo era consensual e espartanamente harmonioso. 

Aos finais de semana saíamos em missão peregrinadora, com nossa pequena orquestra pregando a bíblia mato adentro, pois as famílias da cidade não eram muito receptivas a nossa cruzada evangelizadora.

 Papai pregava, cantava e nós tocávamos, na maioria das vezes pra alguma família rural que nos recebia com muito apreço. Nunca soube onde meu pai aprendeu música, mas ensinou a nós todos, e que voz bonita e tão afinado ele tem!

 Da minha infância lembro mais de sua voz fazendo música do que falando. Falava mais pregando aos outros do que com sua própria família, nos também éramos doutrinados conforme ele se dirigia a outros, e assim fomos felizes. Então aconteceu o imprevisível.

A cidade haveria de construir um novo bairro, avançando sobre nossa terra, nos obrigando abrir mão de nosso sitio, quase enlouquecemos, o que faríamos?

 Foi aí que um pastor que visitava a região às vezes, convidou meu pai para ser caseiro e regente de coral numa grande igreja sua, em São Paulo, fomos tomados de dúvidas e medos, mas mesmo assim nosso pai decidiu que tudo fosse vendido, e seguimos em direção a vida nova, num lugar estranho, inóspito para gente tão pura e imaculada como nossa família.

Na cidade tudo se descortina intenso e hostil, viemos do interior, desabituados a multidões, calados, constrangidos, pudicos, exóticos não sei se por ser protestantes ou por sermos protestantes negros, algo não muito comum naquela época.

O tempo foi passando e as coisas foram se tornando menos estranhas, meu pai e minha mãe eram queridos e respeitados dentro da nossa comunidade, ícones de retidão e princípios cristãos, nós os meninos éramos chamados assim: Os meninos.

 Poucos eram entre os irmãos quem sabia nossos nomes, estudávamos a noite e como Office boy ganhava-se algum de dia, conseguimos não nos perder com todas as tentações que a cidade grande oferece.

Matheus aprendeu a trabalhar com madeira , hoje é marceneiro casou-se vive bem com sua mulher e filhos.
Lucas se apaixonou pelos carros hoje é dono de uma oficina mecânica, grande e bem equipada, casou-se vive bem com sua mulher e filhos.
Thiago com certo espírito mais aventureiro, estudou advocacia, hoje delegado de policia, casou-se vive bem com sua mulher e filhos.
Moises devotou-se ao esporte, conseguiu ser fisiculturista tornou-se treinador esportivo possui uma academia de ginástica num bairro nobre, casou-se vive bem com sua mulher e filhos.

Eu no entanto sou o único que não tive um percurso tão tranqüilo e assertivo quanto meus irmãos, mais inclinado à leitura primeiramente da bíblia, acabei estudando sociologia em faculdade católica, coisa que desde o inicio tornou-se um complicador para me acertar com os ruídos internos da minha alma e cabeça.

 Primeiro conflito:O ideário socialista reconhece no protestantismo um dos principais fomentos do comportamento egoísta do capitalismo, me colocando entre a cruz e a espada como ser sociólogo de esquerda continuando a ser protestante?

Segundo conflito: Como um intelectual negro no Brasil pode não ter tido nunca nenhum tipo de contato com a “macumba”? Considerada pelos mais radicais a única religião que os negros “esclarecidos” deveriam proferir.

Terceiro conflito: Casar com uma colega da sociologia, mulher critica, liberta sexualmente, independente quase dominadora ou com uma fiel da minha igreja?

Sou homem de valores cristãos rígidos e convictos, gosto disso, embora namore com o socialismo não vou me entregar a desfrutes e “relaxos”, admiro, entendo e concordo com a maioria das coisas propostas e expostas por intelectuais e artistas.

 Mas não me entregarei a indolência e excentricidades dos seus estilos de vida.  Assim então escolhi casar-me com alguém do mesmo culto religioso meu e de meus pais.

Como já disse nos vimos nos primeiros cultos que meu pai me levou quando mudamos para São Paulo, nunca mais a esqueci. Aquele rosto lindo de pele num tom moreno mais claro que o meu e grandes olhos verdes. Quem veio da roça naquele tempo não estava acostumado a ver gente preta de olhos claros. Talvez tenha me apaixonado por ela naquele momento, mas foram dez anos entre amizade, namoro, noivado até nos formarmos para poder casar.

Tamará era tão linda quanto amorosa, fui o primeiro homem seu, e ela quase a minha primeira. Sim já tinha tido mulher mais com respeito, carinho e benção nunca. Nossa lua de mel parecia interminável a cada dia a gente descobria novas formas de amar, e tantos prazeres íntimos que eu cheguei a pensa que poderia enlouquecer a qualquer momento.

 Tamará por sua vez se entregava ao culto em nossa igreja cada vez mais incondicional e apaixonada, sua devoção me tomava de volúpia e me excitava ainda mais, esperava sempre o momento em que na nossa intimidade poderíamos brincar e buscar mais possibilidades dentro de nosso sacro-sexo.

Não havia limites para nossas carnes: No fogão, na cama, no corredor, entre as plantas, em cadeiras que se quebravam, em qualquer chão do nosso ninho, com gritos e ranger de dentes que só se calavam após intermináveis banhos a dois. Única coisa capaz de nos relaxar pra gente então dormir.

O que mais eu poderia querer? Tinha um casamento abençoado, com uma mulher de respeito, religiosa e crédula e uma intimidade com o tradicional e também,com complementos maravilhosos onde as línguas percorriam de mamilos a anus sem nunca comentar-se nada a esse respeito.

Então fomos recompensados pela providencia divina, Tamará engravidou, éramos transbordantes de felicidade uma gravidez suave e tranqüila, vieram os trigêmeos, três meninos lindos e saudáveis.

Aí então que fui me dar conta das dificuldades, passei a dar aulas em três escolas. Tamará teve todo seu tempo ocupado no cuidado e no acostumar-se com os meninos. Indo trabalhar depois do primeiro ano de vida de nossos filhotes como professora de Inglês na escola de propriedade de D. Nair, conselheira de nossa igreja.

Nosso lar harmonioso e sereno tinha nossos filhos que cresciam em saúde e moralidade. Só eu e Tamará que nunca mais tivemos nossas liberdades e permissividades, a vida foi se tornando uma rotina pesada entre casa, escolas e igreja.

 Nesse momento então começou o lastimável, Tamará não respondia mais a minhas carícias passando a não querer mais dormir comigo, preferindo dormir no quarto dos meninos, com a justificativa de que mãe tem que ser devota e zelosa.

Enlouqueci! Não iria ficar me masturbando dentro de casa, nem muito menos levar uma mulher decente como a minha para um motel. Comecei a desenvolver pensamentos sujos quando olhava minhas alunas adolescentes, e confesso que se tivesse dado continuidade a este impulso teria tido com alguma delas.

Mas sou um homem cristão que tem controle sobre impulsos satânicos, acabando que me controlei.

Foi então que eu e Tamará fomos, nos acostumando a presença morna e insípida um do outro. Ela às vezes chorava sem motivo aparente, passou a tomar alguns calmantes receitados por um psiquiatra lá da nossa igreja eu hoje me satisfaço sozinho quando tomo longos banhos. Mantendo assim a austeridade de nossas vidas,  os meninos já estão com sete anos.

De algumas semanas pra cá estamos participando de estudos bíblicos, grupo que se reuni duas vezes por semana eu em um ela em outro, para movimentarmos nosso cotidiano sem torná-lo uma rotina insuportável, indicação de nosso pastor (Norte americano recém chegado).

Voltamos a nos sentir bem na companhia do outro, numa dessas noites Tâmara se vestiu linda, ia ao seu grupo de estudo via-se nela uma alegria que há muito eu não percebia “ordenou” então que eu descongelasse e temperasse salsichas para os meninos comerem, pois ela não teria tempo de cozinhar e que transferisse as roupas da máquina de lavar para o varal, saindo esfuziante.

Eu a obedeci com prontidão e destreza. Dei de comer aos meninos e fui logo pendurando as roupas da máquina no varal, foi aí que algo me estarreceu. No fundo da máquina a última peça.

 Uma calcinha que eu nunca tinha visto!

 Aquilo me intrigou de dúvidas e ressentimentos, fiquei remoendo pensamentos obscenos de infidelidade.

Quando Tamará voltou estava lívida e radiante, eu no meu descontrole quis saber tudo.

Eu: De quem é aquela calcinha, que eu nunca vi?

Tamará (cínica): Não sou a única mulher desta casa? Só pode ser minha então, não é meu filho?

Eu (Querendo espancá-la): Como !?!

Tâmara: Ganhei de um amigo.

Eu: Você teve coragem de emporcalhar a mim e os seus filhos? Você é uma puta (Nunca tinha dito palavrão na minha vida)!

Tamará: Mentira amor! Coloquei lá de propósito pra você voltar a ter interesse por mim. Resolveu! Voltou seu interesse.
Tá com ciumes... Que coisa linda.

Naquele momento senti um desejo louco e uma ereção latejante avancei sobre ela, rasguei suas roupas arrastei-a para o quarto e transamos como duas feras famintas, chegando até a assustar os meninos de tantos gritos e ruídos. De manhã saciados passei a observá-la nua na cama e me veio a cabeça a dúvida.

 Aquela calcinha poderia ter sido mesmo presente do pastor norte americano. Ele e Tamará ficam horas falando em inglês sem que ninguém os entenda depois dos cultos, ou até mesmo presente de Dona Nair, irmã, dona da escola onde ela leciona, que eu sempre desconfiei de seu solteirismo e de uma certa masculinidade nos seus gestos, também muito amigas e confidentes.

 Por fim acabei dormindo de exaustão e gozos até meio dia (coisa que ninguém nunca faz nesta casa), num determinado momento da manhã fui tomado de um sono profundo e agradável e sonhei com um campo provavelmente no interior dos Estados Unidos, onde ouvia o som de um saxofone bem jocoso, safado e via várias folhas de outono deslizando pelo ar e caindo no solo, a última delas era no entanto aquela calcinha dançando ao vento como uma folha de outono até repousar ao chão.

 Acordei sobressaltado, respirei fundo, Tamará esta nua de lado lhe abraço, encocho-lhe por trás e voltamos a dormir tranqüilos.

                                 PEDRO GUIMARÃES

quarta-feira, 13 de junho de 2012

CACHORRIO


                                                             Cachorrio


 
(AGUARDEM, FUTURA INSTALAÇÃO A PARTIR DESTE TEXTO E DESENHO NO CENTRO DE  SP)
                                                          
               Pior que perambular pelo mundo, ruas e pessoas sem lugar certeiro ou ponto de chegada. 
È ser um cão sarnento, que vagabundamente tornou-se incapaz de despertar qualquer tipo de compaixão, mesmo no mais desprezível dos seres viventes. Sendo assim indigente de sua própria condição de melhor amigo do homem (da mulher, da criança ou de um simples vagabundo).
             Até ter um campo de visão aparentemente baixo, ver o mundo da perspectiva de um cão não me é humilhação nem restrição, não!
 Este ponto de vista, esta condição de nobreza me revela um mundo destravestido de seus artifícios e disfarces.
 E os cheiros são capazes de me responder muitas vezes antes que o próprio som, e é neste ponto que reside minha nobreza.
                   E como é bom ser escolhido por alguém para lhe demonstrar amor toda vez que nos reencontramos, para ser por esta pessoa alimentado, afagado e dessa forma poder lhe retribuir se irritando ou até mesmo brigando por ela certo da sua defesa e da manutenção da sua integridade.
    Mesmo que integridade não seja a coisa mais importante ao seu dono.
                  O lobo andou em bandos pelas matas, serras e planíces altivos e implacáveis apresando todo tipo de carne possível de ser degustada em banquetes insanos e assustadores, o que lhe rendeu a má fama de anjo da morte, besta fera, alma gêmea do diabo, satanás, coisa ruim ou simplesmente cão
 Onde esta o cão, O que ou quem é o cão? Qual a diferença entre o cão e o cachorro?
                   O engraçado nesta história toda é que quando indesejado, ou seja, quando tomado do meu espírito natural de não atender os comandos nem interesse de nenhum dono sou tratado como cão; mas por outra quando me entrego ao jogo da obidiência me deleito de seu afeto e me torno seu cachorro, até mesmo sua cachorra, pois cadela no Brasil tem um significado depreciativo até no tratamento com os animais.
                      Numas dessa tardes acompanhava meu dono num desses parques onde ele estende as mãos como Francisco e suplica pela caridade de impios. Lá soube através de um cão chinês que nas suas bandas, existe uma lenda que diz que o cachorro morre para renascer como gente.
 Vê se tem cabimento uma coisa dessas se tivermos que renascer que seja numa forma de vida mais limpa.
 Um outro cão, esse de um padre, contou-me que o celebre sermão de são Francisco de Assis foi feito num cair de tarde e na medida que as pessoas o deixaram falando sozinho ele se indignou e dirigiu suas palavras a corvos, cobras e urubus que ali se encontravam naquele mesmo instante, quando soube desta história retruquei com orgulho afirmando: Com certeza algum cachorro estava lá representando todos os cães neste momento tão sublime da cristandade.
                     Por que o amor tem que ser algo tão difícil? Embora veja muito amor entre seres humanos e animais, sou obrigado a reconhecer que nenhum amor me chama mais atenção que o amor de um cão e de um miserável, amar na pobreza isso é entrega incondicional, da outra forma seria fácil.
 Esse sim é amor fiel e forte, mais forte que voto de pobreza dos franciscanos, mais forte que a atração que os intelectuais de esquerda têm pelos pobres, mais forte do que todas as surras que a mulher de malandro precisa para continuar lhe amando, mais forte do qualquer evocação do pastor disposto a tirar o cão de seus concidadãos.
Se revelando nos dias atuais como uma grandiosa verdade que insiste em contrariar tudo que nos rodeia de terror e desencanto.
 O amor de um miserável pelo seu cão ou vice versa pode ser a maior demonstração da mais monstruosa forma de amor em tempos de caos e guerra.



Pedro Guimarães

MARQUINHOS



                                        
Pobre marquinhos! Desde pequeno já percebiam, não sei se por maldade ou pura falação, que algo ali não havia se formado direito! Faltou algum tempero antes de fechar a panela, talvez um parafuso a menos na cabeça, qualquer coisa nesse sentido. Os vizinhos sempre percebem primeiro, parece que são assim para não verem o que acontece dentro da suas próprias casas.
 O menino trouxe luz e felicidade aquele lar. Filho de um casal que de tão velhos que eram acreditavam não mais serem capazes de gerar criança, e de fato já tinham idade avançada quando aquela gravidez despontou, em total estado de graça agradeciam a deus  abençoados por uma espécie de milagre bíblico, Dona Patrícia e seu Osmar  estavam aéreos de tanto  arrebatamento, pareciam rejuvenescidos quando o rebento surgiu.
Conforme o menino crescia a vizinhança na sua mordacidade já comentava que o menino não batia bem. Coisa que talvez nunca tenha sido verdade a não ser pela vontade destes vizinhos de elegerem uma criança no bairro, para ser o louquinho oficial.
 Não sei! Se marquinhos nasceu "tantan" , como comentam seus algozes ou; sucumbiu-se a situação por sugestão de tanta gente falando e torcendo para que isso acontecesse.
 Chegavam até a proibir as outras crianças de brincarem com o pobre, que foi crescendo só e cada vez mais isolado em si mesmo.
 Pouco subiu em arvore, não soltou pipa, não fez troca-troca mas aprendeu a andar de bicicleta e a manusear o computador, cresceu junto com o avanço da informática e esse era seu maior trunfo.
Nos conhecemos em um escritório na Santa Cecília, me assustava um pouco com ele mas era amigo e divertido, logo nos tornamos amigos.
 De uns meses para cá obstinou-se com a ideia de casar-se pois passou dos quarenta, vive dizendo que é uma preocupação constante aos pais, que já estão octogenários temendo a morte sem que Marquinhos esteja no conforto e segurança de sua própria família.
Ele então começa a pedir-me sugestões sobre possíveis parceiras, mulheres que ele conhece via internet, todas muito alvas, loiras e com um certo ar de "interesseiras". 
Não tenho coragem de falar muito,digo a ele apenas; que procure um outro perfil de mulher mais próximo da realidade.
E foi neste momento que ele, mesmo com toda a sua fragilidade, diluiu um veneno que eu não imaginava dele ouvir, disse-me:
"Fui criado pra me relacionar com gente de alta sociedade, papai e mamãe nunca me perdoarão se não me casar com mulher branca ,de cabelo liso e olhos claros, é a única possibilidade de ser bem sucedido,se não for assim é roubada"
Eu não acreditava no que acabava de ouvir, um sujeito exposto a todo tipo de assédio moral e discriminação, vomitando um papinho vagabundo deste.
 Fiquei na minha, me distanciei um pouco esfriando nossa amizade.
Algumas semanas mais tarde ,encontrei-o querendo brigar dentro de um bar cheio de "machos sem vergonha", pois enquanto ele tomava seu café com leite no balcão, um dos bêbados sugeriu que ele fosse "viado", tirei-o de dentro local caminhando com ele alguns quarteirões confortando-lhe repetindo várias vezes a seguinte frase:Não, você não é gay! 
Até que Marquinhos foi se acalmando partindo para sua casa.
Qual foi minha surpresa? Alguns dias atrás neste mesmo bar onde ofenderam Marquinhos, o balconista me contou que Marquinhos começou o namoro  com uma frequentadora de lá.
 Traveca, mulata, de cabelão (pintado de) loiro ,  moça que não se prostitui, trabalha na enfermagem e fala inglês.
 E o mais surpreendente, segundo o rapaz, Marquinhos disse que decidiu começar o namoro depois dos conselhos que eu havia lhe dado.
Senti-me uma espécie de sacerdote local, pregando no sentido de trazer luz e paz interior para intranquilos. Mas não me lembro de té-lo aconselhado a namorar travesti. 

                                    PEDRO GUIMARÃES

terça-feira, 22 de maio de 2012

FOME


  1. Ro!Eu disse. Tudo bem eu sei que vem de 

  2. dentro.

  3. Que é atávico, ancestral e monstruoso.

  4. Mas controla esse seu apetite, uma hora 

  5. você pode até devorar alguém.

  6. E isso é perigoso. Ela só ouviu e riu.

  7. - Vi ontem uma barraca de camelô na consolação.

  8. A pessoa vendia pedaços de abacaxi e 

  9. melancia

  10. Que saudades de quando podia!

  11. Sim por que hoje vivemos a tirania de ter 

  12. que frequentar  alta gastronomia; ou a 

  13. solitaria masturbação de nossas casas e 

  14. televisores.

  15. Uma mentalidade consumista e 

  16. fascistamente anti-pobre  que tomou 

  17. conta da 

  18. cidade.

  19. O churrasquinho na calçada me defuma  

  20. estragando o meu perfume francês( ouvi 

  21. esse comentário um dia desses).

  22. Que saudades das ruas da cinza SP, 

  23. coloridas com vendedores de frutas e 

  24. comidas, que tanto lhe imprimiam um 

  25. pouco mais de vida.

  26. Das pessoas nas calçadas comendo, 

  27. bebendo e rindo.

  28. Nas calçadas hoje depois de certa hora, só

  29.  a miséria da pedra,do catador de alumínio

  30.  a mendicância.

  31. Talvez seja melhor esse quadro; do que 

  32. pessoas felizes nas vias e alamedas.

  33. Comer algo gostoso e barato na rua.

  34. Sem que o higienismo que tomou nossa 

  35. urbe.

  36. Determinasse o que pode ou não me dar 

  37. vermes.

  38. Tenho certeza que os vermes corroem os 

  39. pensamentos e segredos.

  40. Destas autoridades que tudo proibiram.

  41. Continuo com fome de tudo que preenche 

  42. meus sentidos de vida.

  43. Odiando tudo e todos que me privem de 

  44. veleidades absolutas.

                     PEDRO GUIMARÃES

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Bons ventos







Hoje quando sentei na frente da tela.




Fui tomado de um desejo 


insustentável.



Um choro profundo e incontrolável.




Me parecia patético e despropositado.




Mesmo assim me arrebatou e....




(chorei chorei ate ficar com dó







de mim: Chico Buarque).



Talvez alguma entidade precisasse 



drenar(meu 


veneno) minhas glândulas.



Para processar de minhas lágrimas 



um soro anti-


melancolia.



Um balsamo de alegria,capaz de 



cicatrizar tantos 


infortúnios pustulentos.



Talvez meu expurgo de dores e 



impotências, já por 


algum tempo.



Sirva como antídoto destes mesmos 



flagelos para 


outrem.



E tal sensação de benevolencia foi me 



devolvendo 


certa paz de espirito.



Lembrei-me que ontem escarneando 



disse: Que 


mais fácil uma morte do que




 um amor tranquilo.



Agora percebo que um certo curso 



mais 


confortável das coisas volta a seguir.



Estou bem satisfeito com novidades, 



seguindo e 


recriando nossa própria 


historia.



As vezes sinto muitas tristezas, mas te 



garanto que 




sou bem alegrinho.






                   Pedro Guimarães






    terça-feira, 20 de março de 2012

    CADASTRO DE TETAS

    CADASTRO DE TETAS         

           FOI BEM PERTO DO NATAL, EU E MINHA IRMÃ ESTAVAMOS EM UM MERCADO. QUANDO NA FILA DO CAIXA.  FOMOS TOMADOS DE ASSALTO POR TODA INTRANSIGÊNCIA DAQUELA CRIANÇA.
            QUE DEVIA TER NO MÁXIMO CINCO ANOS DE IDADE, GRITANDO, ATIRANDO-SE AO CHÃO, REVIRANDO MERCADORIAS, EM TOTAL DESCONTROLE. SEUS PAIS VISIVELMENTE ATARANTADOS NÃO SABIAM O QUE FAZER.
          NESTE MOMENTO O PAI SACOU DE SAGACIDADE E AUTORIDADE FITOU A MENINA E DISSE-LHE COM FIRMEZA: LETÍCIA, PARA COM ESSA BAGUNÇA SENÃO VOCÊ VAI VIRAR SAPATÃO.
           A CRIANÇA RETRAIU-SE IMEDIATAMENTE COM VOZ EMBARGADA E ACANHADA DE CHORO SUSSURRANDO: EU NÃO QUERO SER SAPATÃO!DANDO-NOS UM POUCO DE PAZ.
             NÃO PUDE DEIXAR DE ACHAR O DESFEIXO DA SITUAÇÃO ENGRAÇADA, MAS FIQUEI ME PERGUNTANDO SE O PAI ESTAVA INCUTINDO PRECONCEITO  NA CRIANÇA; OU SO  ESTAVA SE VALENDO DE ALGUMA REFERÊNCIA TRAUMATICA QUE A MENINA JA POSSUÍA.
            POIS AFINAL DE CONTAS DENTRO DAS FAMÍLIAS EXISTEM TODO TIPO DE DÊMONIO CONVIVENDO COM AS CRIANÇAS DESDE SUAS MAIS TENRAS INFANCIAS.
           SERÁ QUE A GAROTINHA, TERIA NOÇÃO DO QUE SEJA “SAPATÃO”? ISSO NUNCA SABEREI! MESMO POR QUE NÃO OS CONHEÇO E NUNCA MAIS VI ESSAS PESSOAS.
           OUTRO DIA INDO PARA O TRABALHO,  PASSEI EM FRENTE UM SALÃO DE BELEZA NA AVENIDA DUQUE DE CAXIAS, HAVIAM TRÊS CRIANÇAS PROVAVELMENTE FILHOS DAS CABELEREIRAS, BRINCAVAM NA CALÇADA DISTRIBUINDO FUNÇÕES PARA UM JOGO QUE ESTAVAM TENCIONANDO FAZER.
            FOI ENTÃO QUE OUVI O ÚNICO MENINO (ENTRE ELAS)DIVIDINDO OS PAPEIS: EU FAÇO O MOTORISTA, VOCÊ FAZ A “MULHER NORMAL” E ELA FAZ A SAPATÃO.
           NOVAMENTE  NUM CURTO ESPAÇO DE TEMPO, ME DEPARO COM CRIANÇAS COMPARTILHADAS COM O CONCEITO DE SAFISMO. NÃO TENHO IDÉIA SE HÁ COMPREENSÃO POR PARTE DOS PEQUENOS.
            MAS NÃO POSSO DEIXAR DE DIZER O QUANTO ACHO  TUDO MUITO ENGRAÇADO. ESPERO QUE DESSAS CRIANÇAS SURJA UMA GERAÇÃO MAIS AMISTOSA E TOLERANTE. NÃO SEI?
           MESMO POR QUE FUTURAMENTE, ELAS VIVERAM UM CONTROLE MUITO MAIOR DAS PRÓTESES QUE POSSAM VIR A COLOCAR EM SEUS CORPOS.
           QUANDO UMA DAS NOSSAS MAIORES DIVAS, ELBA RAMALHO, CONFESSOU QUE TEVE UM CONTATO MAIS ÍNTIMO COM SERES EXTRATERRESTRES QUE LHE INTRODUZIRAM UM CHIP POR DEBAIXO DA PELE E DESSA FORMA A MONITORAM. TODOS RIRAM E DISSERAM QUE A CANTORA ESTAVA LOUCA.
           AGORA APÓS O ESCANDALO DO (CONFIAVEL) SILICONE FRANCÊS COM SUBSTANCIAS VENENOSAS, O GOVERNO BRASILEIRO CRIOU UM CADASTRO “SIGILOSO”, ONDE TODAS AS PRÓTESES TERÃO UM NÚMERO DE CONTROLE E PROCEDENCIA.
            EU PARTICULARMENTE PROPONHO QUE AS PRÓTESES DE BUNDA, VIRILHA E PANTURRILHA TAMBÉM DEVAM SER CONTROLADAS, DE FORMA QUE ESSAS MENINHAS QUE HOJE TEMEM OU BRINCAM DE SER “SAPATÃO” POSSAM NUM FUTURO PRÓXIMO TER SEGURANÇA COSMÉTICA INDEPENDENTE DE QUAL APITO VÃO TOCAR.
           MAS CONTUDO, QUERO MESMO EVIDENCIAR O PODER DE VANGUARDA DE DONA ELBA RAMALHO, QUE TEVE SEU CHIP IMPLANTADO HÁ MAIS DE DEZ ANOS ATRÁS NUMA MADRUGADA QUE DIRIGIA SÓ NA AVENIDA BRASIL LÁ NO RIO.
           ENQUANTO DUVIDARAM E RIRAM DELA RIDICULARIZANDO SEU MONITORAMENTO ESTRA-TERRESTRE; AGORA VÃO TER TODAS, QUE INSISTIREM NA BELEZA CIRURGICA, QUE SEREM MONITORADAS NO ESPAÇO INTRATERRESTRE.
            EU SÓ ME PERGUNTO QUAL SERÁ O FORMATO DE SCANER QUE A SAÚDE ADOTARA PARA LER O CÓDIGO DE BARRAS, DELAS TODAS?
           CONGRATULANDO ESSA PÓS MODERNIDADE, QUE SE MOSTROU MAIS EFICAZ QUE O MARXISMO, CONSEGUINDO COLOCA-LAS TODAS, POR MAIS DISTANTES QUE ESTEJAM NUM MESMO, NUM MESMO. CADASTRO DE TETAS.
       
                                         PEDRO GUIMARÃES