quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Miopia

Achava divertido chamar as pessoas de gabiru ou cafuçu.
O quê isso traz de melhor pra eu ou pra você?
Quero converter nossa pretensa superioridade numa inteligência que construa odores de sabedorias que de tão profundas instaure algum tipo de sofrimento em nossa miopia anestesiante e rançosa.

Como é bom bailar a beira do abismo conseguindo não despencar no desfiladeiro. Buraco de uma certeza que acredito ser a maior elevação de minhas verdades, elevador da crença onde presumo ser mais sábio, inteligente, bonito e preparado do que o gabiru, cafuçu, baiano, paraíba, pedreirão burro, capaz de consumir minha vontade/inveja, mais profunda de ser o garanhão entre suas pernas arrancando gritos que possam consumir mais prazer alheio do que tudo que consegui ou imaginei um dia, te levando a uma quase morte onde também eu morra, em submeter-te, num certo sentido querendo estar em seu lugar. Em seu lugar!
 Um desejo escondido nas profundezas mais cavernosas. Onde morro-me nas minhas próprias mãos gemendo num encontro abissal com aquilo que amaria te fazer como se fosse comigo mesmo, um esplendor de abjeções só minhas, algo assim: Paradoxo de perversão.
 Sabonete com gilete no meio colocado por eu mesmo e esquecido pra rasgar entranhas e rostos. Com mãos tremulas e capazes que mentem a profundidade maior dos seus sonhos mais inconfessos.
Não sei se o que em mim é pior : Minha castidade ou minha luxúria. Alguém saberia me dizer? 
O quê mais te incomoda e alegra em você mesmo?


terça-feira, 17 de outubro de 2017

Sopros

 Amor à vista.(Estamos em guerra)

Sim! As coisas tentam entristecer tudo que "sobre-vivemos" afirmando tantas mortes e desencantos.
E olha que foram tantas num espaço tão curto de tempo. Velhice à vista assombra o sombreado.
A proteção de um sol que alimenta ambiente vivos.
Repletos de plantas devastadas ou envenenadas pra assegurarem a alimentação em massa.
Com nossa legião de plásticos e vapores sulfúricos que confortam amainando-nos dentro de nossa segurança individualista imediatista.
Sem que eu e você entenda essa vida que escorre pelos dedos sem lambe-la.
E crédulos numa impotência asfixiante respiramos nossas idiotices como se fossem as verdades mais absolutas do mundo. 
Uma recusa de enxergar nossa doce obtusidade a certeza dos erros que não cometo e que dessa forma estou fora por ser "do bem".

Uma alegria quase boba.
Por mais que acredite que alegria possa ser mais divina do que a felicidade. 
Tento conter alguns deslumbres que cegam-me.
Dois erros seduzem-nos de forma colossal.
 A bobagem de achar tudo natural e assim sem correção.
E o ódio total racionalista de "gênio incompreendido" (que confesso que as vezes tenho) de que a mudança é obrigatoriamente necessária ser compreendida por todos.
Pensamento ateísta/humanista que em dado momento é desmoronado pelo acaso.
Ai o acaso!
É o Orixá, Deus, santo bíblia mais imprevisível e por isso maravilhosamente cruel.
Atentos vamos observar o quanto as dúvidas nos aproximam de um entendimento mínimo.Máximo (sem relativismos barato)!
 È! 
O minimo se entendido como máximo, pode ser mais que tudo. Tudo!
E a vida(suspiro)?
Que ela seja misericordiosa conosco. Pois as razões dela "cum nóis" ninguém consegue saber ao certo.
O que ela nos reserva?
Sem maiores medos, vamos todos correr riscos.

O contrário também não assegura a falta de traumas e sofrimentos.
A vida não se explica e não nos explica.
Os cálculos constroem pontes,vacinas e bombas capazes de matarem milhares; Mas chega num determinado ponto cego que reduz o engenheiro, o médico e o cientista a uma condição menor de Xamã/feiticeiro.
Gosto muito da vida.
Talvez seja um imbecil, colonizado, aculturado bobô alegre.
Percebo a perversão dessa guerra planetária que se segue.
Mesmo assim gosto muito da vida acreditando e principalmente pedindo ao acaso que alegre-se e não nos maltrate tanto.
 Pedrão Guimarães.

sábado, 15 de julho de 2017

Música nossa de cada dia.



Musiquei minhas descrenças por mais que tenha amado,o que amo,amei e amarei por ter vivido como vivo.

Minto o que em ti,si ou em dó musiquei. Som que nunca consegui sol, fá ré mi.  
Do amor que ri em ré. Senti pouca dó de si.
Afeto é o que move o telefone lá, si ré.
Daquilo que me entoa em fá, lá dó.
Não sei se dó lá mi ri.

Com fá perdi todo sol que com o mesmo sol lá parti. Sustenido consegui. 

Te agradeço meu si.Só si,lá si dó. Fá sei,si,lá ré mi.
Medo!?!                     


Talvez por estar alterado tenha coragem de dizer o que falaria numa sobriedade casual.
Sinto medo, sempre fui medroso, intrépido e atrevido ao mesmo tempo.
Sinto medo que percamos o mínimo que sempre foi tão pouco.
A alegria boba que nos faz imitadores de uma Europa imposta ideal/irreal.

Tenho medo dos estados unidos virtuais.
De perder a alegria de falar sobre o sério irresponsavelmente com risilidades lúdicas,
Medo de só sentir medo.
Medo de não ter respostas absolutas neste momento de tantas falas concretas e obtusas.
Temo a morte de amigos ou de entes queridos.
Me perco entre o que ouço, falo e penso.
Assumo uma covardia horrorosamente cretina.
Tento não me render ao cansaço que insiste em me envelhecer.
Gosto de uma beleza que almejo na fragilidade do passar do tempo.
Conto ladrilhos e pedras nas calçadas com seus passantes, azulejos de paredes empoeiradas.
Sempre tive esse medo, quem sabe um dia me livre dele.
Faltam-me respostas e isso; Que já foi-me tão bom hoje me assusta.
Tenho medo da falta de respostas em mim e em tudo que vejo a minha volta.
Uma indiligente corrida pra lugar algum.
Talvez seja isso o sentido da vida!
Não sei de onde veio todo esse medo nesse instante.
Só sei que talvez esse frio, frio que já vivi tantos. Tenha sequestrado algo meu que não conheço.
Porém a música. A música! Mais uma vez me eleva e resgata a vontade, potência de vida que sempre foram minha marca.
Que nostalgia/saudade é essa de coisas que não lembro e que pouco me faz sentir mal.
Como se admitisse que o piano da música clássica me fizesse sentir menor.
Não respeito o som erudito embora alguns toques me toquem tanto a ponto de fazerem-me chorar. Se diminuem meus medos; Não são capazes em muitos momentos d'eu preferir tambores, cirandas e macumbinhas maravilhosas.
Continuo com todos os medos, que agora são muitos, não sei se esse medo já foi único.
Gostaria de conseguir instituir um teorema que elevasse o quê a matemática me excluiu, fazendo-me sentir menos inteligente. 
Será que construo meus medos que são tantos numa covardia geométrica que roubou meus olhos do sinuoso? Trazendo um senso que entorpece o olhar pro mar onde o mundo se abre como a genitália feminina na sua amplitude prum universo incapaz de se fechar.
Como todas coragens e medos que o pacífico mar, um dia nos revelou na sua agressividade magistralmente assustadora?
 Tenho muito medo por mais que ti queira bem, muito bem,  que em algum instante seja eu o objeto de sua violência e escárnio. 
Gostaria tanto, de pelo menos diminuir. Todo esse medo!
Pedro Guimarães.

sábado, 13 de maio de 2017

Julgamentos

A chuva quando vem com o frio machuca tanto!
Corta o corpo, a alma entra no seu casulo/caramujo e não fala mais tanto. 
Por medo ou aceitação do que não se controla.
 A gente torce por calores aliviadores. Não sei se o calor é melhor? Sei que me ilude mais com possibilidades de felicidades bobas que nele encerram-se aliviando tudo aquilo que não sonhamos. Nossos pesadelos.
https://www.youtube.com/watch?v=vzBuJ-iSGSc
O sol com sua luz percorre todos os dias o mesmo caminho.
Eu por mais que recorde quase tudo que passou tento evitar estar sempre sozinho.
Você por sua vez aponta-me, zomba e julga meus descaminhos.
Não faz a mínima ideia!
Do tanto que chorei em segredo. Com minha dor e auto desprezo.
Até encontrar uma sobrevida de autos regozijos.
Hoje minha insensatez é o conforto próprio que me conduz pro teu norte. Teu norte!
Meus descaminhos radiam-se importantes como o sol que atravessa a vida nos dias de céu aberto.
Dias capazes de elevarem sentidos, alegrias sublimes e incontestas, Uma espécie de putaria que nos eleve à uma santidade.
Irrazão santificada.
Por quê o amor é tão difícil? Por quê o amor é tão difícil?


quinta-feira, 4 de maio de 2017

                      De quem quer que seja!

       Tento ser o poeta que banhou-se contigo em sentidos e gozos não constritos.
        Minto aquilo tudo. As coisas que foram suas e  minhas.
       Evito hoje dizer verdades. Verdades agora são mais puras do que tudo aquilo que nos alegrou.
      Que as felicidades venham por menores que sejam.
       Nesses tempos sem razões para inspirações, As surubas são lembranças do que não fiz.
       Não participei e menos ainda consegui.As desejo por menos que as entenda, as requisito no meu sentido mais íntimo e sigo.
        Quanta gente raivosa nestes momentos de privações! Estamos carregados de comprometimentos mentais. "Quase retardados" como os sequelados do crack.
        Descarregamos ódios e desabafos violentos pra todos os lados.
        Preenchidos de rancores, entumecidos  com nossos ódios mais intensos,
        Capazes de violências elevadas tão bem construídas como efeitos especiais dos filmes holliwdianos.
         Preciso da sua ajuda.
         Ajude-me!
         Quero voltar a sorrir, mesmo que seja um sorriso bobo. Meus olhos podem penetrar essa visão que de tão crua, cega.
         Preciso de ajuda que se estenda como  uma mão que te puxe pro afago.
         Preciso do horizonte do céu límpido de uma cidade pequena.
         Preciso de um panorama sem montes nem nuvens.
         Preciso de toda ajuda que me salve do desespero.
         Preciso ressuscitar dessa morte súbita não consentida.
         Preciso cada vez mais daquilo que talvez nem tenha certeza.
         Então quando voltar a sorrir que seja por muito tempo
         Uma eternidade única e fecunda como a idade da terra.
        Abraçando sons e afetos que esvaziem sentidos malévolos que insistam em me assombrar.
        Preciso de ajuda, da minha, de quem quer que seja!
        Preciso da vida como sentido. A vida vivida.
        Poder gritar o que fui e sou sem nenhum tipo afirmação.
        E que voltemos a sorrir. Preciso de ajuda, da minha, da sua de quem quer que seja!

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Donde vim (ficção)

Havia uma criança negra, muito preta. Preta preta, como o glamour da noite sem estrelas.
 Ela não falava e não falou nada!
 Não falou nada. Mas viu tudo aquilo que você talvez não falasse.
Que talvez nunca diria!
Os incestos entre os aristocratas que a "criaram"!
A vida faz ou traz coisas.
Coisas que elevam sentidos de  convivências familiares.

 A família que a adotou. Moveu um carinho comedido e não resignou-se.
Depois de um tempo, diminuiu amores. Sei lá como explicar. (A vida nem sempre é boa - Herbert Viana)
 Colocou-a atrás de cozinhas.  Esfregando os banheiros donde as bundas alvas se sentam com conforto e segurança pro resto de suas vidas.
Ela então continuou a ser uma criança negra que de tão preta não tinha voz.

 Era mulher, desde o seu nascimento. Minha curiosidade é saber o que essa mina pensou e percebeu desde que nasceu. Olhou tudo que não pode ver.
 Essa família lhe ungiu de esperanças melhores. Ela com certezas,acreditou devotar amores redentores.
 Sua condição talvez a libertaria de uma contradição que traria sua vida sem maiores dores prováveis.
 Como pode ser bom não acreditar em tudo aquilo que nos aprisiona?
Ela lembra de uma infância rodeada daqueles amigos e amores acompanhantes de tudo tão lindo e livre.
 A vida porém lhe traiu! 
Faltou compartilhamentos, oportunidades e chegadas.
 Eu sou um idiota alegre, que regozijo-me até dos escárnios que me elevam. Evoé, axé Saravá. 
 Pedrão Guimarães.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Quando souber te digo (Regina rainha 2)

Meu desejo era encontrar peixe, porém num sábado não tenho feira livre aqui por perto. Mesmo assim saio nessa jornada inglória ando de um lugar à outro e nada que me interesse, até que  passo pela porta de um bar que já havia passado na calçada por centenas de vezes e nunca o havia observado com a devida atenção merecida.

Na sua entrada duas mesas uma em cada de suas extremidades como duas sentinelas bebedoras. Uma mulher velha (acredito eu ) já desprovida de seus hormônios dominantes com traços e trejeitos masculinos e na outra ponta um homem também velho desprovido (acredito eu) de seus hormônios dominantes também com  traços e trejeitos femininos. Me espantei indagando-me que lugar seria aquele com aqueles guardiões? lembrei-me dos leões alados protetores das entradas dos templos da antiga mesopotâmia das gárgulas guardiãs, no alto das fachadas de algumas catedrais. Resolvi então entrar e conferir aquele lugar emblemático.
Passo pelas duas entidades porteiras, avanço alguns seis passos me deparando com três mulheres no caixa do bar. Duas tipo negras claras de cabelos indígena tipicas nordestinas sorridentes e receptivas e a terceira (a dona) uma Chinesa lépida e de uma simpatia incomum aos chineses donos de bar, que com forte sotaque falava o Português sem nenhum medo ou constrangimento: 16 "leais come a vontade até caine". Com um rádio transmissor pendurado no pescoço falava com seus cozinheiros ordenando que abastecessem a gôndola como mais comida: Tá faltando salada, pastelzinho, linguiça e "alois".

Sim meus amigos um restaurante à quilo com comida brasileira e bem temperada,feita por nordestinos do forrobodó (aqueles que não escondem que são nordestinos), sob a batuta de uma risonha e descarada chinezinha.
Eu tinha que conviver um tempo ali pra poder observar aquele lugar improvável e provavelmente louco. Fiz um pratão do tipo pedreiro (pedreiro-food) e lentamente fui comendo  aquele cenário surreal que começou a desfilar para meus olhos.
Como já disse era sábado além de feijoada tinha uma variedade enorme de comida percebi que o prédio em cima de nós é uma grande torre de kitchnets entre a Amaral Gurgel e Praça da república. As mesas estavam quase todas lotadas: Entregadores das casas bahia e magazine luíza, mães com suas crianças, porteiros, domésticas, mulheres de comportamento indefinido e muitas muitas travestis com seus maridos, moleques de canela fina com cara de manos de periferia.
Pedi uma tubaína pra acompanhar minha ceia antropofágica. Os trabalhadores braçais também tomavam tubaína de uma de suas mesas me saudaram. Identificação talvez? Reparei que marido de travesti não toma tubaína,todos tomavam coca cola ou fanta uva (algo interessante pra algum teórico pesquisar, não?). 
Uma fila gigantesca se formou no balcão da comida. Percebi que havia uma promoção: Deizão pra você conseguir lotar a marmita desde que ela feche. Um negócio da China. Os cozinheiros estavam fora da cozinha acompanhando tudo pra que nenhum espertalhão tentasse enfiar só "carne" na quentinha, comentavam safadezas e riam-se muito. O lugar estava efervescente e alucinado e eu ouvia: Regina quanto tá a marmita? Regina quanto eu pago? Regina acabou o frango. Regina tem maionese? Regina , Regina, Regina Regina...
Eu já enlouquecido só queria saber quem era essa tal de Regina tão requisitada. Foi aí pra minha estupefação e vontade de chorar de rir que descobri que Regina é o nominho no qual todos chamam a chinezinha sorridente e descarada, maestrina daquele lugar tão familiar e profano. Pus-me a pensar que o nome (verdadeiro/chinês)dela talvez seja algo com sonoridade parecida de genitália brasileira.
 Que a comida de Regina nos alimente em tempos de fome de poesia e alegria. Que a comida de regina nos traga sobre-vida. Que a comida de Regina nos eleve aos orgasmos. Que a comida de Regina não nos esqueça nas esquinas. Que a comida de Regina desmonte nossas mesquinharias. Que a comida de Regina nos livre de toda baixaria. Que a comida de Regina seja mais fina que você minha filha. Que a comida de Regina ultrapasse a mais valia. Que a comida de Regina se torne idolatria. Que a comida de Regina não te cause embolia. Que a comida de Regina ritme essa sinfonia. Que a comida de Regina não falte nos seus dias. Que a comida de Regina te pegue no canto da pia. Que a comida de Regina devore a maçonaria. Que a comida de Regina nos traga melhores dias.