quinta-feira, 10 de março de 2011

Banho de Luzes

Principalmente nessas épocas de carnaval, as pessoas torcem para que a gente contraia algum tipo  assim de doença sexual letal, ela me dizia. A gente se encontrou no bar da Celeste, ali perto da Augusta. Eu não a via há muito tempo, perguntei a ela se ainda trabalhava com prostituição? Ela sorriu e confirmou: Não sei fazer outra coisa, a gente vai se especializando com o passar do tempo, principalmente quando se faz o que gosta(rimos).
O mais interessante é que devido a cúmplicidade existente entre nós tratava-me também como se eu fosse alguém da categoria. Nossa você esta tão bem,(falava-me) o tempo não passou pra você, tem gente mais nova muito mais acabada. Tive que sumir minha vida estava correndo perigo, há quatro anos atrás sofri um acidente de carro que me impossibilitou trabalhar, foi socorrida pelas meninas ali da "toca do grilo", pra pagar o favor, fazia cabelo e unha de todas elas,  no final tava ganhando mais dinheiro delas do que com homem na rua. Mas você sabe né! Quando se mexe no cabelo e unha de mulher as bichas contam tudo e , então de uma hora pra outra eu estava sabendo de um esquema monstro do crime, que o marido de uma delas fazia parte  a mina me contou. E provavelmente contou pra mais alguém. O bando do marido da mina foi pego pela polícia antes mesmo do colocar em prática seus planos, percebi que poderia me dar mal sem ter cagüetado ninguém, então meu bem cai fora.
Vendi caipirinha nas praias de Santos,churrasquinho em Caraguá em São Sebastião cheguei até a "manguear" (esmolar), em jacareí fui costureira, até que fui parar em Aparecida onde conheci uma "mona de equê", amiga como poucas.
O viado era de Goiás, já tinha morado em fazenda, andado a cavalo, trabalhado na roça, macho pra caral.. , mais algo por dentro lhe dizia que tinha que buscar outra vida. Veio pra São Paulo morou em pensão, descobriu sua verdadeira vocação pra transar com homem e aprendeu o fino ofício de cabeleireiro, foi uma das primeiras pessoas a fazer com êxito a técnica de luzes na Xoxóta, que hoje junto com a depilação da mesma, ganhou o Brasil e o estrangeiro. Pois então veja você ,a bicha me ensinou a técnica, e hoje vivo sem precisar mais fazer programa,fazendo mexas loiras nos cabelos e nas xoxótas das pessoas.
Vou te dizer ainda tem gente boa nesse mundo, se não fosse a benevolência dessa bicha o que eu estaria fazendo hoje?
Um dia desses quebrei um galho pra ela, pois amiga é pra essas coisas. Uma tipa aí, encomendou o serviço, a bicha foi lá deu o maior capricho na pombinha da vaca e ela se recusou a pagar. Pra que a bicha não tivesse que bater na tipa,e se complicar com a lei, eu me ofereci pra dar uma "cossa" na fulana, dei tanto na cara dela. Pra aprender a não vir tirar  gente honesta!
Terminamos nossa conversa  eu minha reaparecida amiga. Não soube se havia tido um delírio, surto ou sonho. Daquela conversa me ficou a recordação de boas risadas e de quão louca ,se tornou a noção de troca e generosidade nos tempos atuais, e a certeza de que temos as melhores profissionais do mercado mundial em se tratando de depilação e luzes na xoxóta.                                      
                                                     Pedrão Guimarães

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