quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

O mar é mãe

Ao que tudo indica somos fruto de algum verme que saiu das águas do mar e se adaptou a terra.
Se há algum mistério metafísico, criatório e onipresente, talvez seja o fato de que o ser mais desprezível é o que mais detém poder sobre as outras espécies.
E aí me desculpe Darwin, não consigo ver  nisso lógica alguma de evolução das
"espécimes".
Do mar também vem a homenageada da semana Iemanjá, a grande mãe dos Orixás, que criou até filhos que não pariu.
Um amigo que frequenta a Bahia contou-me: Que alguns anos atrás estava na praia do Rio vermelho em Salvador, praia donde tradicionalmente se fazem as homenagens e oferendas para a Deusa no dia 2 de fevereiro (Não confundam com 3 de fevereiro). Havendo duas rodas de batuque, numa, um samba desprovido de conotação afro-religiosa, e outra totalmente engajada no catimbó e no malacuchê, mais profundo que você possa imaginar.
Com um detalhe perigoso as duas rodas de batuque muito próximas dificultando aos mais desatentos diferencia-las. Eis então que chega uma moça feliz e cheia de "boas intenções" e começa a sambar loucamente enquanto os barcos se dirigem em direção ao mar aberto para despejar oferendas para Iemanjá. Os dois batuques parecem se tornar uma coisa só, esta moça feliz samba com alegria e inocência, daqui a pouco a moça é tomada por uma convulsão epifânica, se contorce, baba cai ao chão é socorrida por "feiticeiros" que ali estavam. Mas um comentário não pode deixar ser feito, alguém falou em alto e bom tom: Bem feito. Quem mandou pegar a batucada errada!
Engraçado e cruel como a própria relação que temos com o mar, e com o próprio mito de Iemanjá.
Reza  a lenda que somente graças a ela, as pessoas passaram a ser enterradas.
Pois certa vez cansada da devoção aos filhos e ao marido, se fingiu de morta no pé de uma grande arvore(Baubá) para poder se encontrar com um amante, e obteve sucesso em sua empreitada; mais foi descoberta. A partir daí então ordenou-se que os mortos fossem enterrados.
Criando assim um ciclo doido de :Sair do mar , levantar-se e enterrar-se na terra para a manutenção da ordem familiar. Salve nossa mãe Iemanjá!

                                            Pedro Guimarães

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