segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Malandramente!  
                          

... Se quer mulher pra comer a hora que você quiser,paga puta(ditado popular)!


       Eu chegava na feira livre sempre por volta das 14 h como de costume todo domingo, pra me abastecer com frutas, legumes e verduras mais em conta, encontrar conhecidos e amigos da vizinhança , divertir-me com os gritos de sentido duplo dos feirantes oferecendo seus produtos, do tipo: Dois real pra enchê a mão de banana. Pode caí de boca que é melancia doce de goiás ,chupa que é manga gostosa da bahia e outras libidinagens mais safadas ainda.
       Nesse contexto de domingo redentor e familiar encontro Loren. Sapa das antigas conhecida de todos, uma sobrevivente, intima dos  tipos mais loucos que habitam essa cidade: Putinhas(sua preferência), travonas, traficantes,  intelectuais taradas. machos sem vergonha, bichas, moradores de rua e  obviamente outras saponas. Enfim a fina flor do tecido urbano do centro de uma cidade.
       Nos abraçamos e rimos no meio daquela confusão de transeuntes, ele pede pra eu ajudá-la abrir um facebook, pois não domina essas tecnologias suas habilidades residem em outras práticas. Digo que me procure na terça na hora do almoço pra irmos até o Sesc do Bom retiro pois lá o professor de informática me conhece e volta e meia ajuda-me nesses assuntos. Ela esta feliz vai fazer um trampo de camelô vendendo refrigerante e água no minhocão  depois vai prum encontro com uma "gata" que conheceu na calçada de uma faculdade de direito da Rua Augusta. Combinamos nosso encontro pra terça nos despedimos cada um seguiu seu caminho.
       No dia e horário combinados fui ao encontro de Loren pra abrir seu perfil internético , o primeiro lugar que tentamos. O funcionário não quis colaborar, Segundo ele não bastava só saber de cor o número do RG, Loren deveria também apresentar o documento, Foi aí que lembrei de um centrinho de informática a um quarteirão dali que é da prefeitura com equipamento inferior mas tão eficiente quanto. Sugeri que fossemos e ela topou.
       Na entrada dessa bibliotequinha um homem passava por nós praguejando a polícia e com uma pia de banheiro na mão, segundo ele que estava sujo de tinta e cimento tinha ganho de uma obra que havia acabado de fazer. Loren gostou da pia e perguntou se ele vendia e por fim o que seria vendido por 30 foi vendido por 10. Entramos no centrinho de informática com uma pia na mão e Loren que fala alto. Gritava o quanto precisa entrar no mundo virtual pra arrumar namoradas.
       Na sala de informática as 18 máquinas estavam ocupadas por homens de rua que passam em abrigo pra tomar banho, comer e lavar roupa. "Pobres mais limpinhos", quando viram eu e Loren entrando com a pia na mão e ela expondo suas entranhas, berrando sua necessidade de arrumar mulheres. Ao invés de nos hostilizarem por algum tipo de machismo ou homofobia. Abriram seus sorrisos e se ofereceram pra ajudar Loren. Eu sentei de lado pra cuidar da pia que o funcionário pediu pra que fosse colocada no chão embaixo de uma cadeira.
       Loren foi acolhida e ajudada por aqueles senhores os olhos eram de cumplicidade  cachorra e uma certa felicidade assim de quem se vê reconhecido no outro. Os olhos de todos ali passou a ter um brilho a mais, ela a única mulher entre tantos machos sem vergonha. Confessamente sapona e talvez por isso acolhida, afagada, carinhada pelos irmãos. Estava tão feliz com a atenção que estava tendo que gritou: Cês são tão legais. Amanhã vou trazer um café aqui. Aliás café ou barrigudinha(pinga do curote)? Barrigudinha. Resposta uníssona de todos os "mavãs" ali presentes. Nesse momento minha vontade já era sair correndo dali pra gargalhar. A situação já estava fora de controle.Os próprios mavãs abriram a conta de Loren no facebook, tudo era: Sorrisos famintos, olhares cheios de intenções e uma atmosfera de loucura incontida.
       Sugeri para Loren que fossemos embora, ela tão feliz que estava confessou em voz alta que estava cheia de levar "bolo" das gatas. Que no último domingo pegou todo dinheiro que ganhou vendendo bebidas do seu isopor e pagou vários litrões de cerveja e uma feijoada pra aquela gata da calçada da faculdade de direito da rua augusta, só ganhou uns beijinhos e abraços; Mas nada de conseguir chupar uma b....a. Os amigos lá do centrinho a confortaram afirmando: Agora com face você vai conseguir chupar muita buceta. Ela tão excitada que estava deu a pia de presente prum dos colegas dali e fomos embora rindo muito de tudo.                          Pedro Guimarães  

Um comentário:

  1. "A fina flor do tecido urbano". Sem dó - puro realismo da grande metrópole.

    ResponderExcluir