quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

A cadela da internet 2

               A cadela da internet 2


Razões para o evangelismo.

       
       Claudinei desde muito cedo sentia certas coisas estranhas e fortes, que por receio e algum sentido de sobrevivência ancestral não contava nem pra sua mãe e muito menos aos outros garotos.
       Sabe-se lá desde quando sentia calafrios quando observava homens mais velhos beijando e acariciando suas queridas, não sabia o que acontecia de mais sério entre um homem e uma mulher, mas tinha uma certeza entorpecedora que deveria ser algo sensacional que até lhe dava  medo do momento em que descobrisse.
      Vivendo naquela cidade pequena e provinciana se inclinou a caridade muito cedo, os pais frequentavam a Assembléia de Deus ele os acompanhava não só aos cultos mais também as visitas em orfanatos, asilos, presídios e barracos onde podiam pregar a palavra através do testemunho da bíblia e prover necessitados de cestas básicas, roupas semi novas e até de algum eletro domestico fruto de doação. Assim ele foi crescendo sem que aquilo que lhe era mais incomodo fosse posto a prova ou em contestação, aprendeu a não enfrentar seus demônios internos certo que isso iria ser domado com o tempo, como o cão quem um dia manda-se para o adestrador e tudo se resolve.
       Era bom filho, bom aluno e um ótimo fiel na sua congregação, tudo estava muito bem e de acordo com o que a família traçava para seu futuro de gente ordeira, honesta e temente a Deus. Mas o acaso é de todos os deuses o mais impiedoso.
       Claudinei quando menos esperava foi introduzido nos prazeres da carne por um peão da sítio de seu papai. Com quatorze anos entendeu os porquês daquela sensação que sentia há muito, que temia e não entendia, passou a olhar tudo diferente. As pessoas sempre lhe suscitavam a curiosidade dos palavrões e sussurros da hora de seus gozos e obviamente, como mais gostavam e o que cada uma fazia de melhor no segredo de suas alcovas.
       Aplicado e dedicado não deu trabalho a sua família, saiu de casa só pra fazer teologia, voltou formado pastor pra levar a frente o trabalho de evangelização na igreja onde fora criado, aos 23 casou-se com Marcelle  irmã devota do seu mesmo rebanho. Nas ultimas eleições municipais elegeu-se vereador, mas algo não anda bem.
       Numa dessas tardes quentes de sol Marcelle no salão de beleza enquanto fazia cabelo, unha e depilação intima desabafou a uma das esteticistas que Claudinei não a procura sexualmente que o casamento nunca se consumou carnalmente e que ela tem desejos monstruosos para com outros homens e que se viciou em pornografia que tem acesso graças a internet, fofoca que se espalhou pela cidade toda como uma torrencial chuva de verão.

       Claudinei também esta em risco ele possui uma pequena chácara que aluga e empresta para churrasquinhos a beira da piscina para cidadãos menos abastados daquele lugar, em setembro passado por ocasião do aniversário de um rapagão- mulatão da vila operaria de uns 19 ou 20 anos. A chácara seria emprestada em troca de favores não tão luteranos assim , foi então que o nosso pastor- vereador enviou um torpedo para o celular do rapagão com o seguinte texto : Você me ajuda e eu te ajudo, só um boquete por favor! Te empresto a chácara por dois dias.
       O mulatão sem escrúpulo e coração mostrou o conteúdo do torpedo pra metade da cidade. Como sobreviver com essa tal de  internet.Mesmo o pastor que enquanto vereador criou conceito,dando de comer pra tantos graças a cozinha popular que criou na cidade não esta incólume à cadela da internet.

Razoes para o Catolicismo.


       O que dizer sobre Edmílson. A não ser que desde muito cedo já era apontado como o "viadinho" entregador de pão da padaria central.Embora sofresse deste estigma não se deixou abater manteve-se incógnito toda sua infância e adolescência, quem quer que fosse que abusava sexualmente da criança nunca foi descoberto ou revelado.
       Segredo que Edmílson levara pro tumulo acredito eu; Sendo assim por mais explicito que fossem os  trejeitos e maneirismos do menino, era aceito e tolerado pelo fato do amante não ser do conhecimento de ninguém da cidade ele vivia relativamente aceito se tornando coroinha do padre Aquiles.
     
      Edmílson depois de um bom tempo ajudando em missas e casas paroquiais consegue sua tão sonhada admissão em um seminário lá no vale do Paraíba. Vai estudar do lado, bem perto do santuário da mãe Aparecida, tem uma alegria eufórica que lhe consome o corpo, a alma todos os sentidos.
      Vive nesse seminário por cinco anos onde ordena-se padre:orgulho de uma família pobre e negra. Volta para sua cidade natal, revoluciona paradigmas da religiosidade local faz missas e programas radiofônicos via internet. Seus ritos são repletos de cânticos e coreografias é uma unanimidade dali, adorado por sua comunidade, até que um belo dia; O acaso que é dos deuses o mais impiedoso se faz presente. 
       Após uma transmissão radiofônica internética um canal é esquecido aberto e assim sendo  pode-se ouvir uma conversa íntima sobre uma série extraordinária de posições sexuais entre o padre e o seu amante da última noite; esse então que era considerado a salvação do catolicismo local passa a ser destratado com xingamentos como: macaco/ urubu. 
        Mais um mártir da cadela da internet. 
        Edmílson e Claudinei contemporâneos, conterrâneos e suspeitos de safadezas por uma cidade inteira, um negro outro branco,um extremamente protestante e outro extremamente católico. Movidos pelo sinistro de esconderem-se na sombra de seus desejos inconfessos com a profundidade de assombrações que esgueiram-se  evitando a luz de um "espirito santo" (suas verdades internas), assim como vampiros evitando a luz do sol para não se desintegrarem.Todo cuidado é pouco com a cadela da internet.

                                                               Pedrão Guimarães

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