segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Quando criança queria ser médico.

...Só não foi embora a necessidade de ser leve apesar de tanto peso nas costas... Com óculos escuros de Cartola. Max de Castro.

       O grande Cartola tinha aquele nariz necrosado por um erro médico. O tal médico médico lhe atendia quase de graça ou de desgraça; Proibiu-lhe de contar sobre o erro do qual foi vítima. E ele acatou a condição pacto que lhe marcou a vida toda.
   
   Pedreiro que escrevia com requinte e profundidade de catedrático. Será que no seu mais profundo não se aplacava de uma  dor, destas que consomem até a alma. Comediu maiores ódios e vinganças e foi Cartola. Gostaria que alguém me respondesse se no mais profundo de suas grutas interiores, não gostaria de restituir a beleza do seu nariz. Nariz que o acompanhou até a morte.
       Morrer é resignar-se a condição maior da vida ou quem sabe renascer pra outra vida melhor?
       Os óculos e o nariz necrosado foram as marcas principais do seu rosto. Sua poesia, singela música fez história, é vida  e se transforma até mesmo pra quem não ama sua própria.
       Um nariz tão preto quanto aquele não é negro!
       Tragédias cariocas são bem compreendidas por quem sofre e sofreu como Nelson Rodrigues, falso nordestino negador de sua  pernanbucanidade, sagrando-se carioca observador ressentido de sua não santidade. Também tenho no corpo marcas que involuntariamente herdei da medicina .No momento também me calei; Não havia o facebook para se denunciar.Tento controlar meus ódios e rancores. Por que amar é tão mais difícil?

                                                              Pedrão Guimarães
        

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