terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Pétala branca

     As comemorações de fim ano chegam para todos; até mesmo para aqueles que não vêm sentido nelas, ou que não se apercebem do quão rápido é essa chegada. 
     Realmente o tempo conspira contra, nos elevando à uma corrida envelhecedora e deterioradora; mesmo assim nos alegramos a cada fim de ano com nossas confraternizações e banquetes, talvez entorpecidos por ingestão de tanta comida calórica na época mais quente do ano, mas não é isso que esta jogo aqui.
     Me refiro a Cristina, sim aquela pessoa que já me referi, em momentos anteriores, que por circunstancias escusas, se viu obrigada a fugir para a vila cruzeiro(RJ), mas retrato neste momento um episódio anterior.
      O fim do ano florescia e ela preocupada com sua colação de grau, missa do galo e peru de natal.
     Estava com sessenta e alguns, houvera ganho um concurso de tango em parceria com um certo senhor misterioso, onde não permitiram que a imprensa os fotografasse, terminava pedagogia naquela mesma Universidade que quase houvera linchado aquela mocinha que ousou usar aquela mini saia gostosa, escola que eu uns amigos carinhosamente apelidamos de "UNIBANDIDA".
     Cristina na véspera da colação , foi no salão de uma grande amiga para escurecer os cabelos, precisa aparentar mais sóbria, discreta quase intelectual.
Na cerimonia de formatura, por mais que tudo corresse a seu contento, sentiu um vazio louco, era como se algo tão importante prestes a acontecer, nunca aconteceria por mais distante que ela houvesse chegado.
      Talvez a tristeza conteste da não existência de um amante para usufruir aquele momento e a quase incerteza futura de amores furtivos e alucinantes, tornavam maior esse vazio nas gretas interiores de cristina.
     Dias depois da formatura, assistiu a TV, onde um padre bonitão com cara de algum Itálico-galã de novela das oito cantava lindas canções, aquilo não podia continuar!
      Todo natal e ano novo ela se veste com roupas claras neste ano teve um impulso a mais, talvez tenha ouvido alguém comentar na rua ou sonhado, não se lembrou! Só habitava nela a certeza de colocar uma calcinha branca para ir a missa do galo, com uma pétala de uma rosa branca nos fundos. Como uma reza profana, uma simpatia secreta neste natal era a única certeza que lhe restava,de que algum dos seus vazios seria preenchido e foi realmente o que fez.  
     A missa transcorreu, na sua paróquia o padre nem de longe era bonito como aquele que ela transpirava ao ver na TV, e conforme a missa foi se findando , ela novamente sentiu o desconforto daquele vazio que houvera sentido dias atrás na sua formatura.
     Cristina sabia que não era detentora de grana como certas mulheres da sua idade, da televisão, que sempre se apresentam com maridos jovens e belos e isso talvez tenha sido o pivô daquele seu surto, naquele natal da meia noite ao meio dia, muniu-se de uma faca e resolveu se vingar de todos os perus da face da terra.
      Invadiu todas as ceias natalinas que teve noticia e esfaqueou com voracidade animal todos os perus: Grandes, pequenos, magros, recheados, bem passados, mal passados, saborosos e insossos . Somente após esta peregrinação de extermínio e vingança teve paz e sossego para começar seu novo ano, prometendo a si mesma a partir daquele momento, sempre passar pelo natal e novo ano, com uma pétala de rosa branca nos fundos de uma calcinha da mesma cor.
     Feliz Natal e Ano Novo, para todos.  


                 Pedro Guimarães
                                                                                                                    

Nenhum comentário:

Postar um comentário