quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Juradas de vida

         





Duas pessoas certas de suas limitações  e convicçoes, saem aquela noite mais cedo da escola onde trabalham no centro. Uma dirige e outra leciona, naquela instituição de ensino com todos os seus entraves.
           Estão bastante ansiosas e felizes, vão participar do júri de um concurso de pau, num puteiro masculino ali perto da escola mesmo, conversam afoitamente, sorriem com cumplicidade e principalmente comungam satisfação, nada poderia dar errado naquela noite. Será?
            Na entrada do estacionamento, o elemento surpresa e casual, um rapaz que abre o portão diz conhece-las de uma vizinhança anterior e do tanto que sempre quis se aproximar, prontamente segurando a genitalia sobre as calcas, fazendo as duas professoras engolirem seco de susto e estupefação. Para completar o assédio, ainda declara: Sou da Paraíba, bem dotado e fogueteiro, os outros dois colegas que estão dormindo lá nos fundos um é da Bahia e o outro do Pernambuco ao ouvir tal descrição as duas professoras sentem tremores internos, e percebem que se não tirarem logo o carro dali poderão perder o foco de atenção no concurso, aquele tão grandioso evento, preferiram ir embora sem aceitar o convite de conhecer o quartinho de fundos onde estavam outros dois  rapazes dormindo. Quando entraram no carro foram surpreendidas por uma pergunta do rapaz da Paraíba: A lei permite que gente seja tão mal alojado assim?
               Talvez ali estivesse a oportunidade para aquelas duas criaturas, demonstrarem que além dos ímpetos carnais, também pudessem ser motivadas por sentimentos de benevolência e nobreza, e aquilo as tocou de certa forma.
                 No concurso de pau, se diferenciaram estavam alegres, mordazes e com um certo ar comtemplativo. Parecia que uma flor brotara no subterrâneo de suas almas, na volta pra casa cada uma recebeu seu brinde um michê(bónus) para usufruir, foram felizes com seus parceiros, viveram e gritaram obscenidades até amanhecer o dia, no apartamento de uma delas.
                  Por volta do meio dia os quatro tomavam café da manhã , embora acabassem de de compartilhar gozos instigantemente profundos, já haviam perdido o interesse pelos dois varões que as acompanhavam. Um dos michês quando percebeu que elas já estavam farta da companhia deles, fez questão de desmerece-las, afinal para um puto não há coisa pior que perceber-se não desejado.
                 Escarneando as duas; contratados como premiação já haviam cumprido sua função iriam embora, foi então que o mais falante deles disse: "A gente que trabalha com pau ganha mais dinheiro que vocês nesses servicinhos de funcionário publico".Foi a despedida carregada de vingança e ressentimento.                    
                    Novamente elas estavam a sós para pensar como ajudariam os meninos do estacionamento, e que tipo de escambo poderia ser estabelecido ali, pois toda caridade pressupõe algo em troca ou em contra partida.
                  Uma amizadezinha "cachorra" começa a se estabelecer entre elas e os caras do estacionamento, toda noite no final do turno, buscam o carro ali, mas também trocam, gracejos, deboches, libidinagens e principalmente promessas de deleites futuros, elas as professoras, fazem vistorias constantes no quarto dos rapazes, o argumento é que condições subumanas e insalobras ocorrem ali. Esta é a principal razão para as blitz dessas educadoras, que podem por sua vez também  apreciar a visão dos moços de cuecas, dormindo erectos, sem que isso se configure em pura e simples taradice delas.  Estão escrevendo um relatório para o conselho dos direitos humanos, ou para o ministério público, não decidiram ainda. O que se sabe é que elas estavam cumprindo assim a função de defensoras públicas, e que os rapazes as recompensariam com mais parcas que fossem suas possibilidades ao final daquela jornada.
                   Mas como a vida é mais generosa em argrúrias, os planos dessas amorosas docentes vieram por água a baixo, quando a esposa de um dos guardadores deu um escândalo lá no recinto em questão, berrando aos quatro cantos que o marido e seus dois colegas estavam com caso com dois "professores viados sem vergonha" da escola ao lado.
                      Continuam guardando o carro lá com os rapazes mas hoje só se olham triste e apagadamente, nem de longe se observa o fulgor dos olhares anteriores e novamente a vida toma seu curso triste monótono.


                                                                                                           Pedro Guimarães

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