quarta-feira, 27 de abril de 2011

MONSTRO

      O amor é um monstro, que segue solto como o dragão. Capaz de curar feridas de traumas antigos que, persistem sem cobrar as curas que processa.                                                                                                       
 Viver tem perigos deliciosamente literais e libertos. E essa liberdade nos aprisiona em nós mesmos. Quantas vezes somos aquilo que queremos? Tudo que sofre se transforma.
  E a beleza é de um monstro santificado. Em um campo onde a experiência é finita.
   Tão mais difícil é amar! Não o amor das novelas.Asséptico, facilitado vitrinoso. Descomplicado para fácil entendimento.
    Nenhum entendimento é simples!  Tudo que desmancha no ar  pode  não ser necessariamente sólido. Quem ama não  escolhe! Quem compra escolhe. E muitas vezes, não o melhor. Qual é o seu preço?
   Você ou tu, nesse grande mercado? Teu monstro consome o interior de suas esquizofrenias que já foram belezas. Nossas tristezas são risíveis sofrimentos invisíveis que agregam  felicidades  tortas. Conversando com o monstro do amor, afortunadas e absolutas, insistem determinando muitos de nossos passos.
     Nunca te tive e talvez por isso tenha te amado tanto.
    Nas areias encalacradas, nas paredes de uma rodoviária de um lugar do cerrado, percebi o calor fungar minhas narinas,  como na saída de um dragão, então desejei  tudo como um monstro destruidor e imperceptivelmente me monstrifiquei.
               
                     Pedrão Guimarães     

ESCOLAS E CEMITÉRIOS

 
 
Como não falar sobre o massacre em realengo? Um infeliz com tendências delirante- psicopáticas entra atirando dentro de uma escola municipal, doze mortos quase todas meninas. Wellington era este seu nome (também da capital da Nova Zelândia) até onde entendi mais um entre tantos brasileiros com um desejo imenso e equívoco protestante de ser norte americano, tanto que, pois em prática a atitude mais abjecta que um norte americano pode fazer com seus semelhantes.
O ministro da educação, em visita a referida escola afirma que a escola aberta, aos pais, alunos, ex-alunos e vizinhança é a condição maior de segurança para a comunidade. Concordo em grau, género e número. O que me assusta é uma sociedade (a nossa) que se gaba de manter o maior número possível de pessoas dentro das escolas sem que essas sejam capazes de transformar suas vidas, ou mesmo elevá-las a condição de cidadãos. No nosso país hoje, as pessoas se orgulham de poder manter seus filhos em escolas particulares isso mostra que perdemos a preocupação com a população como um todo; e o abismo distanciador, entre os que podem e os que não podem pagar, vai gerar cada vez mais miséria e violência.
 Dentro de nossas escolas perdemos a disputa na desleal concorrência entre professores, acuados, desestimulados e equivocados com gostosonas e bonitões, das televisões, que são hoje as grandes referências de heróis para nossas crianças e adolescentes.
O jovem se espelha e almeja a vida fácil dos endinheirados craques grosseiros espancadores de mulheres, clientes de travestis e, das modelo-apresentadoras-bailarinas, que não estudaram e nem sequer citam a escola como caminho para alcançarem as capas das revistas masculinas. Rodeados de luxo e ostentação diferentemente da rotina de professores, desvalorizados , adoecidos e com uma grande sensação de falta de perspectiva de mudança ou melhoria no cenário que os circundam, uma falência geral e generalizada .
Faliu: o estado, a família, as religiões, utopias políticas e principalmente a educação. Talvez fosse o caso começar do nada buscando outros padrões de sociedade e conduta. Muitos dos nossos governantes e poderosos foram filhos de professores, e isso parece não ter significado nada.
Acredito que um estilo novo de heróis urge surgir. Como aquela mulher de Ferraz de Vasconcelos, que indignada com a execução de um jovem ladrão na sua frente liga para o 190, e em tempo real diz não ser obrigada assistir tanta violência, no momento em que rezava no túmulo do seu pai, bate boca com um dos policiais assassinos e, exige que não deva ser morta por isso, naquele momento de nobre impulso, teve sua vida preservada (até quando?).
 Qualquer professor (a) poderia ter tido aquela coragem, dada o constrangimento e indignação no qual somos constantemente exposto e; também pelo aprendizado de convívio com o inusitado e imponderável constante em nossas rotinas (logo após a tragédia do Rio descobrimos que a mulher de Ferraz de Vasconcelos é professora).
Dessa forma então como cidadão e fiel das coisas nobres venho por meio deste documento clamar:
 Chega das explosões do cinema de ação, de noticiários sensacionalistas que tratam a desgraça alheia como espetáculo, da falta de respeito e de delicadeza generalizadas pelo individualismo, continuo alimentando meu “ódio” somente contra os maus-tratos.
 Pedro Guimarães