CAIPIRA ALOPRADO
Sou um caipira metido a besta adoro o centro de São Paulo.
Conheci isso aqui antes de ter se tornado esse vazio miserabilizado com esse monte de zumbis vítimas
do crack e do abandono.
Época onde as madrugadas eram vivaz e as pessoas mostravam suas melhores partes e facetas humanas nesse lugar tão desumano e opressor.
Lembro que a bem pouco tempo atrás as calçadas se enchiam de gentes e alegrias libertárias. Um sentido de vida com humanidade desbundada. Você sabe ou lembra o quê é desbunde?
Pessoas que durante o dia se submetiam as dores de uma repressão enebriante/embriagadora, que busca o sucesso financeiro protestante. Por mais que nosso lugar/país aprendeu falar uma língua branca a partir de uma catequização de jesuítica.
Nas noites retomávamos o paganismo Tupi/Nagô base de nós mesmos. Nos entregando àquilo que fomos ensinados a negar e esconder. Dessa forma se entregando a alegria e transgressões corporais que os catequizadores por mais que acreditaram o contrário, nunca conseguiram domar.
A dor de cabeça do dia seguinte acompanhada da amnésia/busca do dinheiro.
Européia e branca. Como se a dominação de nós mesmos tivesse-nos tornado eles.
Como se a dominação do outro tivesse nos tornado eles. Nos tornado eles.
Enquanto os mais simplórios pouco ou muito misturados acreditam terem se tornado algo racialmente melhor; Os mais abastados os ricos acreditam terem alcançado o nível da racionalidade suprema dos nossos algozes.
Ciência, Medicina, Engenharia, Política e Jurisprudência convencionalmente existentes pra justificar desigualdades e seus privilégios covardes. Covardes.
A incapacidade de olhar no fundo dos olhos de seus peões e empregadas.
Os mais elevados que reconhecem culpas, procuram terapias onde a saúde é o equilíbrio das doenças (FREUD), sem que esse entendimento traga nenhum sentido maior de mudança das estruturas demoníacas que os mantêm dominantes. Haffff..
A conversa é outra aqui. Sou um caipira metido a besta. Adoro as calçadas da grande São Paulo lotadas de vida e gente nas madrugadas sinto uma felicidade boba quase infantil. Sinto uma pulsação de vida intensa e um sentimento, que pode ser uma ilusão que as pessoas estão no seu momento melhor de afetividade.
As mudanças climáticas, as novas doenças e a desesperança nazi fascistas mundiais nos levantaram um espelho nas nossas caras onde estamos vendo o que temos de pior. Sem a coragem de inverter o reflexo desse espelho. Pedrão Guimarães